Informativo

Advento, esperança e desejo

Pe. Paulo Nobre

O ser humano busca aquilo que deseja, espera o que ama, ama o que conhece.

O tempo não espera, já estamos no Advento. Dentro de poucas semanas, celebraremos o Natal do Senhor. Para muitos, inclusive alguns católicos, trata-se de mais uma festa como tantas outras que ocorrem durante o ano: comida, bebida, música, luzes, presentes, viagem, amigos etc. Para quem pensa assim, o Advento não existe. De fato, só quem frequenta a Liturgia ouve falar dele: Primeiro Domingo do Advento, Segunda Semana do Advento, Coroa do Advento… e assim por diante. E nem todos que escutam o comentário de que o Advento já chegou, conseguem vive-lo de forma profunda e litúrgica.

Sabemos que Advento é o tempo de preparação para o Natal.  A palavra “advento”, de origem latina, significa “chegada”, “aproximação”. Neste tempo, a Igreja comemora a vinda do Filho de Deus entre os seres humanos e vive alegre a expectativa da segunda vinda de Jesus. Assim, Advento é tempo de espera. A Esperança cristã sustenta a Igreja em sua caminhada na história da humanidade.

Todavia, Advento também é tempo de desejo, de alimentar os sonhos, de recuperar os ânimos. O ser humano busca aquilo que deseja, espera o que ama, ama o que conhece. O que desejamos? Desejamos a manifestação do Senhor. Queremos conhecê-lo, amá-lo de todo o coração, com toda a nossa vida. Disse Jesus aos seus discípulos: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes!” (Lc 10,23). Sim, nosso desejo é ver o Senhor, ouvir suas palavras, acompanhar os seus gestos salvíficos, participar de sua vida.

Se não desejarmos conhecer as coisas que foram escondidas aos sábios e inteligentes e reveladas aos pequeninos (cf. Lc 10,21), não teremos Advento, nem a alegria de discernir os sinais do Reino que está para chegar.  É verdade, cada um de nós pode assumir esse lugar privilegiado dos pequenos, se permitirmos que o dom do Espírito direcione os nossos desejos, nossas vontades, na direção da Verdade que é Cristo Jesus. “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (Jo 8,32).

Neste Advento, portanto, peçamos ao Senhor a graça de desejarmos muito não o que é aparente e ilusório, mas o que é essencial e verdadeiro, não o que está na superfície, mas o que é profundo; não coisas passageiras, mas aquilo que dura para sempre; não uma paz egoísta, mas garantia de salvação e de vida para todos; não uma vida sem dor, mas o serviço que ameniza a dor de muitos.

Advento é tempo de espera, de esperança, de reorientar nossos desejos, de recuperar nossos sonhos. Vinde, Senhor Jesus!

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